PET Nutrição no mundo de Jorge, o amado - Cacau

Na obra Cacau, Jorge Amado potencializa a figura do trabalhador como promotor das mudanças necessárias no país, segundo os ideais comunistas. José Cordeiro, o protagonista narra em primeira pessoa a saga dos trabalhadores das fazendas de cacau como uma forma de denúncia do estilo de vida miserável que estes levavam quando comparado a vida de luxo que os coronéis, seus patrões e detentores do poder possuíam.

O autor escreve na epígrafe do livro:

Tentei contar neste livro com um mínimo de literatura para um máximo de honestidade, a      vida dos trabalhadores das fazendas de cacau do sul da Bahia. Será esse um romance proletário?

A desigualdade social e  econômica  ficava mais evidente quando o autor descrevia as refeições que cada grupo realizava. Os trabalhadores sempre se endividavam nos armazéns das fazendas para conseguir seus alimentos base: feijão, charque e farinha,banana,  a jaca que comiam como sobremesa, essa pode ser considerada gratuita. De outro lado, os senhorios das casas grandes tinham em suas mesas bolos, beijus, raízes cozidas, ovos  tipos de carnes variados.
Para os trabalhadores, o momento da refeição era também o de tomada de consciência enquanto classe, percebendo que eram submissos, mas que representavam a força de trabalho e o caminho para a riqueza de seus patrões.
A corporalidade aparece em Cacau  nas descrições dos coronéis como aqueles com grandes barrigas em decorrência da mesa farta. As mulheres da classe trabalhadora não possuíam nesta terra, segundo Jorge Amado, o perfil daquelas retratas no período do romantismo; essas tinham a expressão dura, marcada pelo trabalho, mãos calosas e pés grandes e eram sim, desejadas pelos homens da terra.
O desfecho da história abre espaço para a relação entre o conhecimento e a capacidade de conscientização de si mesmo e dos semelhantes quanto a importância de promover a igualdade entre as classes sociais e ao mesmo tempo destaca que a realidade das fazendas de cacau seria algo duro de modificar.

"Venha embora para cá, Sergipano. Aqui se aprende muito. Tem resposta para o que

a gente perguntava ahi. Eu não sei explicar direito. Você já ouviu fallar em lucta de classe?

Pois há lucta de classe. As classes são os coroneis e os trabalhadores. Venha que fica

sabendo tudo. E um dia a gente pode voltar e ensinar para os outros" (AMADO, 1933, p. 59)

"– Nem pense... Chegou trezentos e tantos flagelados que trabalha por qualquer

dinheiro... e a gente morre de fome.

– Estamos vencidos antes de começar a luta.

– Nós já nasce vencido... – sentenciou Valentim.

Baixamos as cabeças. E no outro dia voltamos ao trabalho com quinhentos réis de

menos" (AMADO, 1933, p. 61- 62)

PET Nutrição no mundo de Jorge, o amado - O País do Carnaval

O País do Carnaval, não tinha muito do espírito carnavalesco de hoje em dia. Inicialmente seu título seria: Os homens que eram infelizes sem saber o porquê. Os personagens eram, em sua maioria céticos dos sentimentos, que só poderiam ser sentidos pelos indivíduos alienados, sem conhecimento que exaltavam seus carnavais sem dar a atenção merecida aos problemas do país, como a corrupção e a miséria.

Para falar de comensalidade, o elemento promotor das trocas de idéias, que reunia os indivíduos ao redor de uma mesa, sem dúvida era a cachaça- termo que representa todas as formas de bebida alcoólica por eles consumidas, e não eram poucas, afinal muita conversa foi registrada. Timidamente, eram retratadas a figura das baianas de acarajé e das quituteiras, representando em parte da culinária local.

Quanto à corporalidade, Jorge Amado deixa clara a presença da dança como marca da identidasde brasileira. O personagem principal Paulo Rigger, desembarcava no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro no período do carnaval e a dança é retratada em  O País do Carnaval como  algo que contagia a todos com muita emoção. Jorge Amado aguça a imaginação  do leitor fazendo-o participar da cena,  localizando-o no espaço e contexto descritos a partir da focalização no ato dos movimentos e na descrição do corpo e das vestimentas dos personagens.

 

Quando Paulo Rigger saiu, um grupo de mulatas sambava na rua

cor de canela, seio quase à mostra, requebravam-se voluptuosamente

num delírio. Paulo viu ali todo o sentimento da raça.

Viu-se integrado no seu povo. Caiu no samba, a berrar.

Dá nela...

Dá nela...

Uma mulata gorda deu-lhe uma umbigada. Agarraram-se a dançar

no passeio. Até os sujeitos que tocavam violão sambavam numa alegria

doente de quem só tem três dias de liberdade [...] (AMADO, 1987, p.27-28).

PET Nutrição no mundo de Jorge, o amado.

Há um ano, o PET Nutrição mergulhou nos romances escritos por Jorge Amado, para melhor compreender a Bahia escrita sob a ótica dele; muito de uma Bahia que foi exportada tem o toque do autor, seja no Corpo do estado e seus habitantes ou no seu modo de Comer. Portanto, o PET Nutrição, que particularmente se interessa pelo Corpo e pelo Comer, resolveu estudar a Comensalidade e a Corporalidade na obra de Jorge.

Suas três primeira obras, escritas em 1931,1933 e 1934 são, respectivamente:

       

Não podemos deixar de mencionar o contexto em que tais obras foram escritas, no qual o autor procurou retratar ou denunciar a realidade de outras partes Brasil diferente daquela em que figurava o Modernismo, com grande representação na Semana de Arte Moderna de 1922. Jorge Amado, José Lins do Rego, Graciliamo Ramos e Raquel de Queiroz eram alguns dos autores que trouxeram a tona "outras realidades", brilhantemente registradas em suas criações. Um outro ponto importante é a influência do Partido Comunista nas primeiras obras amadianas. No momento em que a ditadura  começava a aflorar com a Era Vargas (1930-1945), as obras de Jorge Amado foram marcadas pela presença forte dos ideais comunistas, uma vez que retratavam a população marginalizada pelos detentores do poder e então mostrava a possibilidade do tomar de cosnciência e de poder por esses "marginais".  

EM BREVE aqui, os comentários sobre as obras!