Thursday, November 1, 2012

PET Nutrição no mundo de Jorge, o amado - Cacau

Na obra Cacau, Jorge Amado potencializa a figura do trabalhador como promotor das mudanças necessárias no país, segundo os ideais comunistas. José Cordeiro, o protagonista narra em primeira pessoa a saga dos trabalhadores das fazendas de cacau como uma forma de denúncia do estilo de vida miserável que estes levavam quando comparado a vida de luxo que os coronéis, seus patrões e detentores do poder possuíam.

O autor escreve na epígrafe do livro:



Tentei contar neste livro com um mínimo de literatura para um máximo de honestidade, a      vida dos trabalhadores das fazendas de cacau do sul da Bahia. Será esse um romance proletário?

A desigualdade social e  econômica  ficava mais evidente quando o autor descrevia as refeições que cada grupo realizava. Os trabalhadores sempre se endividavam nos armazéns das fazendas para conseguir seus alimentos base: feijão, charque e farinha,banana,  a jaca que comiam como sobremesa, essa pode ser considerada gratuita. De outro lado, os senhorios das casas grandes tinham em suas mesas bolos, beijus, raízes cozidas, ovos  tipos de carnes variados.

Para os trabalhadores, o momento da refeição era também o de tomada de consciência enquanto classe, percebendo que eram submissos, mas que representavam a força de trabalho e o caminho para a riqueza de seus patrões.
A corporalidade aparece em Cacau  nas descrições dos coronéis como aqueles com grandes barrigas em decorrência da mesa farta. As mulheres da classe trabalhadora não possuíam nesta terra, segundo Jorge Amado, o perfil daquelas retratas no período do romantismo; essas tinham a expressão dura, marcada pelo trabalho, mãos calosas e pés grandes e eram sim, desejadas pelos homens da terra.
O desfecho da história abre espaço para a relação entre o conhecimento e a capacidade de conscientização de si mesmo e dos semelhantes quanto a importância de promover a igualdade entre as classes sociais e ao mesmo tempo destaca que a realidade das fazendas de cacau seria algo duro de modificar.


"Venha embora para cá, Sergipano. Aqui se aprende muito. Tem resposta para o que
a gente perguntava ahi. Eu não sei explicar direito. Você já ouviu fallar em lucta de classe?
Pois há lucta de classe. As classes são os coroneis e os trabalhadores. Venha que fica
sabendo tudo. E um dia a gente pode voltar e ensinar para os outros" (AMADO, 1933, p. 59)
http://www.tableau.com.br/anterior/abril11/4783-43.jpg
"– Nem pense... Chegou trezentos e tantos flagelados que trabalha por qualquer
dinheiro... e a gente morre de fome.
– Estamos vencidos antes de começar a luta.
– Nós já nasce vencido... – sentenciou Valentim.
Baixamos as cabeças. E no outro dia voltamos ao trabalho com quinhentos réis de
menos" (AMADO, 1933, p. 61- 62)

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